Poemas de Manuel Couto Viana
O Dromedário Dário
Dorme, Dário Dromedário,
que amanhã vais ao deserto
aprender o abecedário,
num oásis aqui perto.
Porque o sono é necessário:
faz-te esperto!
A Tartaruga
A Tartaruga
é toda uma ruga
da idade que tem:
mais de cem.
Não gosta de briga:
se alguém a ameaça,
não liga,
oculta na carapaça.
Anda depressa no mar
e, na terra, devagar.
E a tartaruga
em fuga
foge tão lentamente
que até o caracol
lhe passa à frente.
A Galinha Engripada
A Galinha,
coitadinha!
tem sintomas graves
de gripe das aves.
Não canta: está rouca,
e cobre-se de roupa.
Hora a hora, espirra
(irra! irra! irra!).
Fala à sobreposse:
(tosse! tosse! tosse!).
Tão doente fica
que nem depenica.
Anda o galinheiro
num grande berreiro,
temendo que ela
lhe pegue a mazela.
Médico afamado,
o Mocho é chamado
para dar a sentença.
diz que essa doença
é só resfriado:
nada que não vença
um xarope doce
que alivie a tosse
e a rouquidão.
– «Tome, não hesite,
que traz o apetite
pró milho e pró pão.
E coma a minhoca
que não a sufoca.
Mas tenha cuidado
com o agasalho.»
– disse o Mocho inchado.
E voltou ao galho.
Passaram uns dias
sem tosse e agonias,
Cacaracacá!,
a Galinha já
põe ovos e canta.
Tão limpa a garganta!
A saúde é tanta
que a todos espanta.
O Mocho do galho
fez um bom trabalho.
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