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sábado, 31 de maio de 2014

                       Poemas de Manuel Couto Viana


O Dromedário Dário

Dorme, Dário Dromedário, 
que amanhã vais ao deserto 
aprender o abecedário, 
num oásis aqui perto. 
Porque o sono é necessário: 
faz-te esperto!

A Tartaruga

A Tartaruga 
é toda uma ruga 
da idade que tem: 
mais de cem. 
Não gosta de briga: 
se alguém a ameaça, 
não liga, 
oculta na carapaça. 
Anda depressa no mar 
e, na terra, devagar. 
E a tartaruga 
em fuga 
foge tão lentamente 
que até o caracol 
lhe passa à frente.

A Galinha Engripada

A Galinha, 
coitadinha! 
tem sintomas graves 
de gripe das aves. 
Não canta: está rouca, 
e cobre-se de roupa. 
Hora a hora, espirra 
(irra! irra! irra!). 
Fala à sobreposse: 
(tosse! tosse! tosse!). 
Tão doente fica 
que nem depenica. 
Anda o galinheiro 
num grande berreiro, 
temendo que ela 
lhe pegue a mazela. 
Médico afamado, 
o Mocho é chamado 
para dar a sentença. 
diz que essa doença 
é só resfriado: 
nada que não vença 
um xarope doce 
que alivie a tosse 
e a rouquidão. 
– «Tome, não hesite, 
que traz o apetite 
pró milho e pró pão. 
E coma a minhoca 
que não a sufoca. 
Mas tenha cuidado 
com o agasalho.» 
– disse o Mocho inchado. 
E voltou ao galho. 
Passaram uns dias 
sem tosse e agonias, 
Cacaracacá!, 
a Galinha já 
põe ovos e canta. 
Tão limpa a garganta! 
A saúde é tanta 
que a todos espanta. 
O Mocho do galho 
fez um bom trabalho.

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